segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O bairro de Botafogo e a Família Guinle




O início:
1-     Eduardo Pallasim Guinle (Porto Alegre, 1846 — Rio de Janeiro, 1912) foi um empresário, banqueiro e o patriarca da família Guinle.
Filho dos imigrantes franceses, que foram para o Uruguai, e depois imigraram para o Brasil, da região dos Hautes-Pirenèes, sua família tinha origem na aristocracia rural francesa, rebaixada, no século XVI, por suas convicções huguenotes, em oposição à rainha Catarina de Médici;
Jean-Arnauld Guinle, pai de Eduardo, casou-se em 1843, em Montevidéu, com Josephine Désirée Bernardine Palassin;
Eduardo casou em Porto Alegre, com Guilhermina Coutinho da Silva (1854 - 1925), filha do hispano-uruguaio Sebastião Coutinho da Silva e da brasileira descendente de italiano Francesca Tubino. Tiveram os seguintes filhos:
a-      Luiz Guinle, deputado federal pelo Rio de Janeiro, não se casou;
b-     Eduardo Guinle, casado com sua prima Branca Coutinho Ribeiro;
c-     Guilherme Guinle, homem de negócios;
d-     Carlos Guinle, casado com Gilda Rocha e pai de Jorginho Guinle;
e-     Arnaldo Guinle, empresário, não se casou, nem teve descendentes;
f-      Celina Guinle, casada com Lineu de Paula Machado;
g-     Octávio Guinle, fundador do Copacabana Palace;
h-     Heloísa Guinle, casada com seu primo Samuel Ribeiro (irmão mais velho de Branca), sem descendentes.
2-     Cândido Gaffrée, filho de emigrantes franceses nascido em Bagé, Rio Grande do Sul, em  1845, se tornou socio comercial de Eduardo Pallasim Guinle.
Nota: “ Os dois fizeram fortuna, inicialmente, com um armazém, no Porto do Rio de Janeiro. Foram diversificando, investindo na construção de estradas, de ferrovias, e nos setores imobiliário e financeiro. Mas o maior negócio de Gaffrée e Guinle foi a Docas de Santos, a concessão – sem licitação e pelo prazo de 92 anos – para a exploração comercial dos 4.000 m² de armazéns do Porto de Santos, o que passou a render aos sócios cerca de 24 bilhões de dólares por ano.”
Contudo temos que levar em conta o “ Triângulo amoroso no high Society”.
“Os sócios dividiam o leito de Guilhermina. E mais: dos sete herdeiros do casal, três deles – Carlos, Arnaldo e Celina – seriam filhos de Cândido Gaffrée. A família nunca pareceu se importar. Jorginho Guinle dizia: “Guinle bonito é Gaffrée. Com nariz grande é Guinle”. Gente rica é assim. “Sorry, periferia” como dizia o filosofo Ibrahim Sued.”
Bem vamos a Botafogo, o bairro dos barões, e a origens do nome:
As águas calmas que se via, e se vê , na Praia de Botafogo foi chamada pelos  invasores franceses de Nicolas Durand de Villegagnon  de Le Lac.
Com Estácio de Sá veio Antonio Francisco, o Velho, depois só Francisco Velho, considerado co- fundador da cidade.
Francisco Velho foi o mordomo-mor da Confraria de São Sebastião , sacristão da capela de São Sebastião do morro Cara de Cão.
Francisco Velho recebeu uma Sesmaria composta pelas terras do Le Lac.
Francisco Velho  se tornou o primeiro habitante de Botafogo tanto que as águas passaram a ser conhecidas como O Saco de Francisco Velho.
Nota: Significado de Saco - Enseada pequena. Exemplo Saco de São Francisco, um bairro do município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
Já idoso, em 1590, o sesmeiro Francisco Velho vendeu a sua Sesmaria denominada agora "Enseada de Francisco Velho", a  João Pereira de Sousa, conhecido como "Botafogo", por ter sido “ chefe da artilharia da famosa Nau  São João Baptista, na época o mais poderoso navio de guerra do mundo ”, outra fonte afirma que esse apelido Botafogo, também, “era dado aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais”.
o fidalgo João Pereira de Sousa, o Botafogo, recebeu uma Sesmaria aumentada pois, suas terras iam  da foz do o Rio Catete,  junto ao Caminho do Catete, as fraldas do maciço do Corcovado, se estendendo pela praia Vermelha, Copacabana, Ipanema e Leblon.
E assim a Enseada de Francisco Velho passou  a ser denominada Botafogo, por causa da alcunha  do aventureiro fidalgo.
Dona Carlota Joaquina comprou uma casa na enseada de Botafogo e nela fixou sua residência.
Essa casa foi vendida a Miguel Calmon du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, (Santo Amaro da Purificação, 23 de outubro de 1796 — Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1865) foi um nobre, político e diplomata, que junto com sua esposa Dona Maria Carolina de Piedade Pereira Baía, filha dos Viscondes com Grandeza de Meriti, dava festas memoráveis frequentadas inclusive pela Família Imperial.
A urbanização de Botafogo foi chegando devagar.
O padre Clemente Martins de Mattos, Cabido da Sé, Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mor do Cabido do Rio de Janeiro,  teve uma extensa fazenda na área de Botafogo, o nome da fazenda era Quinta de São Clemente ou a Fazenda do Vigário-Geral.
Clemente Martins de Matos nascido no Rio de Janeiro era filho do Capitão e Vereador Álvaro de Matos e de Dona Marta Filgueira.   
 O padre Clemente Martins de Matos foi um desastre nessas funções junto a Diocese – não tinha vocação para padre, tanto que antes de ir para Roma foi “ expulso do seminário em Lisboa por ter se envolvido com mulheres -  mas ficou rico, tanto que em 1680 comprou a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a Enseada de Botafogo, a "Lagoa de Sacopenapã" (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem como os morros que depois se chamaram de São João e Santa Marta”.
E senhor das terras o padre Clemente organizou a Quinta de São Clemente ou fazenda do Vigário-geral, posteriormente Fazenda São Clemente.
O padre Clemente erigiu a Capela de São Clemente, seu santo onomástico, abrindo um caminho de acesso a ela que saia da enseada e o denominou “ Caminho de São Clemente”.
“ A capela dedicada a São Clemente, existiu até o princípio do século XX, no final da Rua Viúva Lacerda, hoje no Humaitá, o que prova que o traçado do “ Caminho de São Clemente” serviu para a implantação da Rua São Clemente”.
O padre Clemente foi quem batizou o Morro Santa Marta em homenagem a sua mãe, Dona Marta Filgueira.
Morreu o padre Clemente Martins de Matos em 8 de junho de 1702, aos 74 anos, mas eu não tenho ideia onde foram parar seus restos mortais.
Herdou a agora simplificada como Fazenda São Clemente seu irmão Francisco Martins que, creio eu, a vendeu “ao casal Pedro Fernandes Braga e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes, a Pedro Fernandes Braga e o oleiro Francisco de Araújo Pereira, dono da chácara da Olaria, vendida posteriormente a Joaquim Marques Batista de Leão, o velho, cuja lembrança persiste no Largo dos Leões, no Humaitá. O terreno da chácara da Olaria se estendia até a lagoa Rodrigo de Freitas.”
A capela dedicada a São Clemente (que se localizava no antigo número 110, já desapareceu.
“ Em 1801, um dos últimos vice-reis do Brasil, D. Fernando José de Portugal, solicitou aos herdeiros que cedessem para uso público o caminho que dava acesso à capela, para que se pudesse ter uma comunicação mais direta com a Lagoa – famoso Caminho de São Clemente- , bem melhor que aquela que acompanhava o rio Berquó, onde é a atual rua General Polidoro. Houve concordância, e assim nasceu a rua São Clemente.
Originalmente, o nome da rua abrangia a extensão que ia da praia até a Lagoa, mas a partir de 1868, o trecho do Largo dos Leões até o final passou a se chamar Rua do Humaitá, em lembrança do famoso episódio da Guerra do Paraguai.”
Caminho de São Clemente se tornou a Rua São Clemente, local de residências da aristocracia e da grande-burguesia e depois das embaixadas dos Nações Amigas.
Onde hoje é a esquina da rua Guilhermina Guinle com Rua de São Clemente, lado ímpar, era a residência oficial de Eduardo e Guilhermina já demolida.
Essa casa era vizinha a de Cândido Gaffrée.
Em 1911 quando do casamento de Celina Guinle com Lineu de Paula Machado, aristocrata paulista por ser neto do visconde de Rio Claro e barão de Araraquara, Cândido Gaffrée providenciou a compra de uma morada para si e deu a sua casa aos  noivos e assim toda a família ficou morado perto na rua São Clemente.
O comendador Manuel José de Faria  tinha duas casas e uma delas deu a seu genro, Edmundo Leuzinger, filho de “ Georges Leuzinger (1813-1892), nascido na cidade de Mollis, cantão de Glarus, Suíça, foi mais que um fotógrafo pioneiro responsável por fixar boa parte da iconografia oitocentista do Rio. Como empreendedor, foi também o mais importante nome na história de sua difusão”.
Edmundo Leuzinger a vendeu a Cândido Gaffrée.
Obviamente a casa sofreu reformas e Moar Limarj é essa casa que você via da Casa dos Mendonça e gostou de visitar.
Mais a história continua...