terça-feira, 8 de novembro de 2016

Botafogo, local de minha primeira morada. Parte II.

No capítulo anterior escrevi:

Já idoso, em 1590, o sesmeiro Francisco Velho vendeu a sua sesmaria denominada "Enseada de Francisco Velho", com todos os seus terrenos, nome pelo qual as posses do co- fundador da cidade eram conhecidas, a “ João Pereira de Sousa, conhecido como "Botafogo", por ter sido chefe da artilharia do famoso São João Baptista, também, chamado de “O Botafogo, na época o mais poderoso navio de guerra do mundo ”, outra fonte afirma que esse apelido Botafogo, também, “era dado aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais”.



Arco do Teles
Autor desconhecido

Mais, a Muy Leal teve seus percalços e dois séculos depois, em 1790, precisamente na “ madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, que funcionava num casarão ao lado do Arco do Telles, no Largo do Paço, atual Praça XV”.
“ O Senado da Câmara, um equivalente à Câmara de Vereadores, ao qual era instalada juntamente com a criação de vilas e cidades, seguindo as orientações contidas nas Ordenações Manuelinas e Filipinas, era um órgão consultivo, legislativo e judiciário. Atuava como representante dos interesses da população, de sua composição faziam parte os “homens de bem”, isto é, pertencentes à nobreza, ao clero e à milícia, sendo chamados de oficiais devido ao fato de cada membro possuir um encargo”.


Bandeira do Senado da Câmara do Rio de Janeiro

O incêndio foi criminoso, contudo caiu como um chinelo velho em pé doente, porque o Senado da Câmara, com o intuito de arrecadar mais recursos, estava lutando para tornar a maior parte dos terrenos da Cidade do Rio de Janeiro em “terras públicas”.

Incêndio do Senado da Câmara do Rio de Janeiro. 

Essas “terras públicas visavam o abastecimento, a moradia e subsistência dos povoadores, na medida em que avançava a colonização, pois passavam a ser consideradas propriedades do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, que arbitrava sobre esses domínios na medida em que demandavam suas necessidades e interesses de seus oficiais’, e o que, obviamente, seriam distribuídas pelos novos apaniguados dos poderosos de então. 
“ Para Alexandre José Melo Morais, em O Patrimônio Territorial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Tipografia Camões, 1881, a Câmara teria falsificado doações feitas por Estácio de Sá em seu nome. Reclamava para si como aforados terrenos dados em sesmaria a particulares e usurpava da população o direito sobre as terras do centro do Rio”.
Jeitinho pra lá, jeitinho pra cá, “ o Senado da Câmara do Rio de Janeiro obteve a Ordem Régia de 8 de janeiro de 1794, já na Regência do futuro Dom João VI em nome de sua Augusta Mãe, a senhora Dona Maria I, que lhe confirmou todas as suas propriedades em terras, os seus ‘ domínios aforados’, mas mesmo assim muita coisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para o dia, e vice-versa”.
Lembro que “o aforamento era a principal forma do Senado da Câmara do Rio de Janeiro obter rendimentos e assim suprir com suas necessidades e tributos”.

“ Foro – taxa anual perpétua a ser paga aos detentores do chamado “direito real”, sobre um determinado terreno, por aqueles que detêm a propriedade, ou o chamado “domínio útil” do imóvel. Quando não estabelecida em contrato, a taxa é de 0,6% do valor da fração ideal de terreno. A Prefeitura do Rio cobra R$ 1 por ano. O título de direito real pode ser transferido a terceiros indefinidamente.
“Aforamento- ato ou efeito de levar a foro ou juízo”.

A disputa para obtenção de terrenos entre os herdeiros dos primeiros povoadores e ordens religiosas com o Senado da Câmara eram constantes desde o século XVII.
Um exemplo são as terras localizadas no hoje bairro do Flamengo reclamadas pelos Beneditinos, terrenos esses que teriam sido dados pelo do Senado da Câmara do Rio de Janeiro em aforamentos de 1618 a Sebastião Gonçalves Sapateiro, um dos primeiros habitantes da região. Nesse conflito a Coroa Portuguesa tendeu para a Ordem Religiosa, aliás, como sempre os Soberanos português tendiam.
Mais essas disputas eram, também, com outros proprietários.


Em 1567 a sede da Cidade foi transplantada para o Morro do Castelo, então denominado como Morro do Descanso e hoje demolido, bem em frente a ilha onde os franceses haviam construído o Forte Coligny.
Os portugueses construíram a Fortaleza de São Sebastião do Castelo, a Casa do Governador, o Senado da Câmara do Rio de Janeiro, o Colégio dos Jesuítas, a Igreja dos Jesuítas, a Igreja de São Sebastião, onde foi instalada a Prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro, os Armazéns, e a Cadeia.

Peça de mármore com o símbolo das armas portuguesas, assentada por Estácio de Sá em 1565

Lápide de Estácio de Sá
“Aqui jaz Estacio de Saa prº capitão e cõqvístador desta terra e cidade e a campa mãdov fazer Salvador Corea de Saa sev primo segdº capitão e glrº com svas armas e esta capella acabov o ano de 1583”.

Em português moderno é: “Aqui jaz Estácio de Sá, primeiro capitão e conquistador desta terra e cidade, e a campa mandou fazer Salvador Corrêa de Sá, seu primo e segundo capitão e governador, com as suas armas. E essa capela acabou no ano 1583”.

Ambos na Igreja de São Sebastião dos Frades Capuchinhos
Rua Haddock Lobo, 266 - Tijuca
Rio de Janeiro - RJ

Trouxeram, também, o Marco de pedra da fundação da cidade por Estácio e Sá, bem como seus restos mortais, ambos trazidos da então chamada “ Cidade Velha” do sopé do Morro Cara de Cão.
Assim o Rio de Janeiro crescia, portanto se fazia necessário um Caminho que ligasse a Sesmaria de Botafogo, terras produtivas, com o Centro, e por isso surgiu o Caminho Velho de Botafogo.
E El-Rey dividiu o Brasil em duas partes, com dois Governos, sendo São Salvador da Baia de Todos os Santos a capital do Brasil Norte, e a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro a capital do Brasil Sul, obviamente com dois executivos denominados Govenadores Gerais.
Antônio Salema (Alcácer do Sal, Alentejo — Lisboa, 13 de março de 1586) foi nomeado Governador-Geral do Sul do Brasil para o período de 1574 até 1577. Salema organizou na Região da Lagoa Rodrigues de Freitas, então Freguesia de Sacopenapã, o Engenho d’El Rey, e para facilitar o acesso “ mandou construir uma ponte, conhecida como a ponte do Salema, onde hoje é a praça José de Alencar, fato que dinamizou o Caminho Velho de Botafogo”.
Curiosidade: “ Os portugueses chamavam a área de Lagoa dos Socós, pois havia muitas dessas aves por lá. Já no século seguinte, em 1660, as terras foram adquiridas por Rodrigo de Freitas Castro e Mello, que ao voltar para Portugal deixou a área de herança para seu filho Rodrigo de Freitas. Daí veio o nome: Lagoa Rodrigo de Freitas”.
Mais voltemos a Botafogo.
“ Em 16 de novembro de 1676, a Bula do Papa Inocêncio XI “Romani Pontificis pastoralis sollicitudo”, elevou a antiga Prelazia de São Sebastião à categoria de Diocese, sendo nomeado seu primeiro Bispo Dom Frei Manuel Pereira (Lisboa, *1625 - + 6 de janeiro de 1688), Dominicano, que não tomou posse, seu segundo Bispo foi Dom José de Barros Alarcão,1680 — 1700, que teve como Cabido da Sé, Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mor, o padre  Clemente Martins de Matos, que havia se formando em Roma”. 
Clemente Martins de Matos nascido no Rio de Janeiro era filho do Capitão e Vereador Álvaro de Matos e de Dona Marta Filgueira.     O padre Clemente Martins de Matos foi um desastre nessas funções junto a Diocese – não tinha vocação para padre, tanto que antes de ir para Roma foi “ expulso do seminário em Lisboa por ter se envolvido com mulheres -  mas ficou rico, tanto que em 1680 comprou a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a Enseada de Botafogo, a "Lagoa de Sacopenapã" (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem como os morros que depois se chamaram de São João e Santa Marta”.
E senhor das terras o padre Clemente organizou a Fazenda São Clemente.
O padre Clemente erigiu a Capela de São Clemente, seu santo onomástico, abrindo um caminho de acesso a ela que saia da enseada e o denominou “ Caminho de São Clemente”.
“ A capela dedicada a São Clemente, existiu até o princípio do século XX, no final da Rua Viúva Lacerda, hoje no Humaitá, o que prova que o traçado do “ Caminho de São Clemente” serviu para a implantação da Rua São Clemente”.
O padre Clemente foi quem batizou o Morro Santa Marta em homenagem a sua mãe, Dona Marta Filgueira.
Morreu o padre Clemente Martins de Matos em 8 de junho de 1702, aos 74 anos, mas eu não tenho ideia onde foram parar seus restos mortais.
Herdou a Fazenda São Clemente seu irmão Francisco Martins que, creio eu, a vendeu “ao casal Pedro Fernandes Braga e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes”.

Fim da Parte II


Continua...

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Botafogo, local de minha primeira morada. Parte I.




A Criatura sempre busca brasa para sua sardinha e eu não sou diferente.
No segundo quartel do século XX minha tia Odette Fonseca Garcia, irmã mais velha de meu pai, casou com o nobre português Manoel Ferreira de Oliveira, que como bom luso já possuía razoável fortuna.
Com o dote de minha tia somada as economias do noivo o casal construiu um “arranha céu” de oito andares na rua mais aristocrática do Bairro de Botafogo, a Rua São Clemente, sendo assim o primeiro edifício daquela rua.
O Edifício Leonam, no número 233, fica bem em frente de onde hoje está o Colégio Santo Inácio.
Na época de sua construção a Família Pedrosa era proprietária de uma magnifica mansão e se viu incomodada com aquele prédio que segundo eles ia tirar sua privacidade, venderam a grande casa para os Padres da Companhia de Jesus proprietários do Colégio Santo Inácio. 
Quando minha avó paterna morreu, na casa da Rua Voluntários da Pátria, meu pai, ainda solteiro, foi morar com o cunhado e a irmã no Edifício Leonam no apartamento do sétimo andar.
A família de minha mãe é de Recife, PE, e eles sempre adoraram a praia.
Com a morte de meu avô materno, que possuía uma chácara na Ilha do Governador para banhos de mar da família, mas morador na Muda da Tijuca, eles se mudaram para Copacabana, a amada.
Foram para o chalezinho número 6 da adorável Vila que fica na Rua Cinco de Julho 114 (hoje 284).
Meus pais se conheceram.
Foram a praia de Copacabana.
Casaram na Igreja do Mosteiro de São Bento.
E foram morar no Edifício Leonam, a Rua São Clemente, 233, apto 101, Botafogo. 
E eu nasci...
...E lá fui morar.

Botafogo.
Porque Botafogo?
A História é a seguinte, sempre baseada em Brasil Gerson:

A Baia de Guanabara foi visitada pela primeira vez em1 de janeiro de 1502
Aa frota de três naus era comandada por Gaspar de Lemos, nascido no Reino de Leão (Espanha de hoje), mas que se tornou navegador pelo Mar Oceano em defesa dos interesses do Rei de Portugal, por isso considerado um navegador português do século XVI, que havia comandando  a Naveta de Mantimentos da Frota de Pedro Alvares Cabral, e que com ela retornou a Portugal com a carta de Pero Vaz de Caminha que comunicava a El-Rey a descoberta do Brasil, que descobriu o Arquipélago de Fernando de Noronha, que a 1 de novembro de 1501 , batizou Baía de Todos os Santos na Bahia, que aportou em Angra dos Reis, que rebatizou em  22 de janeiro de 1502  a Ilha de Gohayó, no hoje litoral paulista, de Ilha de  São Vicente, em homenagem a Vicente de Saragoça, (em espanhol: San Vicente Mártir)mártir do início do século IV, cujas “ as relíquias foram trazidas do Cabo de São Vicente (o então «Promontorium Sacrum»), junto a Sagres, para a cidade de Lisboa, por ordem de Dom Afonso Henriques, "o Conquistador", o primeiro Rei de Portugal sob o nome de Dom Afonso I, o Pai da Nacionalidade Portuguesa.
Desde frota que aportou na Baia da Guanabara, também, participava, da tripulação, o experiente navegador florentino Américo Vespúcio, que deu o nome a América, ao Continente Americano, nome “ derivado de Americus, a versão latina feminina do primeiro nome de Vespúcio”.
Os franceses, sempre gananciosos por riquezas, em 1 de novembro de 1555, comandados por Nicolas Durand de Villegagnon, seigneur du domaine de Torcy, Vice-almirante da Bretanha, Cavaleiro da Ordem de Malta, ocuparam a Ilha de Serigipe (atual Ilha de Villegagnon onde está a Escola Naval), erguendo ali o Forte Coligny, em homenagem Gaspard de Coligny, Almirante de França, Conde de Coligny , Barão de Beaupont e Beauvoir, de Montjuif, de Roissiat, de Chevignat, Senhor de Chatillon e outros lugares, líder máximo dos Huguenotes, como eram chamados os protestantes do Reino de França, fundando assim  La France Antarctique - França Antártica – uma Colonia francesa em meio Baia da Guanabara.
No final de 1556, como passo seguinte, os franceses fundaram Henriville, em honra de Henrique II, Rei de França, na região que hoje é a Praia do Flamengo, e onde existia uma aldeia dos Índios Tupinambás, aliados dos invasores, que “ se chamava Kariók ou Karióg ("casa de carijó") e teria dado origem ao atual gentílico da cidade do Rio de Janeiro, "carioca"”.  
Em Henriville, sede do comércio dos franceses, foram construídas casas de alvenaria, ou tijolos, e onde viviam 600 súditos do Rei de França. As “casas foram destruídas pelo ataque Português em 1560”.
Ora, ora, Dona Catarina de Áustria, nascida Infanta de Espanha, irmã do Imperador Carlos V, Rainha consorte de Portugal por Dom João III, Regente de Portugal em nome de seu neto, El-Rey Dom Sebastião, o Desejado, de 1557 até 1562, não gostou...E Mem de Sá, terceiro Governador-geral do Brasil de 3 de janeiro de 1558 até 2 de março de 1572, tomou providencias para expulsar os franceses da Baia da Guanabara.
Assim, no início da manhã de 15 de março de 1560, depois de ter enviado um ultimatum a Legendre de Boissy, seigneur de Bois-le-Comte, Governador da Praça de Armas, Mem de Sá e seus homens tomaram o Forte Coligny, em 16 de março o destruíram, para a seguir rebatizar a ilha como Ilha das Palmeiras, e “ no dia 17 de março mandar celebrar a primeira missa portuguesa no local”.
“ Ao final do processo de reconquista, o Governador-Geral Mem de Sá regressou à cidade de São Salvador da Baia de Todos os Santos, a capital do Brasil, em abril de 1560 ”.  
Contudo, os franceses comandados por Legendre de Boissy, seigneur de Bois-le-Comte, que havia conseguido escapar do Forte de Coligny e se refugiado entre os Índios Tupinambás, não deram trégua aos portugueses com suas táticas de guerrilha, tanto que o nobre francês só foi expulso do Brasil em 18 de janeiro de 1566.
E os franceses continuaram a comercializar os produtos da região.
Diante desse quadro, em 1563, Mem de Sá nomeou seu sobrinho Estácio de Sá, com a missão de expulsar definitivamente os franceses remanescentes do Brasil e fundar uma cidade as margens da Baia de Guanabara.
Entretanto só dois anos depois, em 1565, “ com reforços obtidos na então Capitania de São Vicente e com o auxílio dos jesuítas, conseguiu reunir uma força de ataque para cumprir a sua missão”.
E Estácio de Sá em 1 de março de 1565 fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, na "várzea" entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, local que era isolado do continente, e é a atual Praia de Fora, nos hoje terrenos da Fortaleza de São João.
E foi nessa“ base de operações” que começou o processo de expulsão definitiva dos franceses da Baia de Guanabara.
Estácio de Sá, como era costume, doou uma Sesmaria - Terreno sem culturas ou abandonado, que a antiga legislação portuguesa, com base em práticas medievais, determinava que fosse entregue a quem se comprometesse a cultivá-la-  a um de seus companheiros de expedição de nome Francisco Velho, também, conhecido como Antônio Francisco Velho, as terras do outro lado da enseada (hoje Enseada de Botafogo) bem em frente aos Morros do Pão de Açúcar e da Urca até a área da Lagoa Rodrigues de Freitas ( lagoa essa chamada de “Capopenipem”, que significa “lagoa das raízes chatas”), terras essas conhecida pelos índios nativos como “Sapopenipã,  e mais parte do Flamengo (Morro da Viúva incluso).
Isso quer dizer que as terras do Bairro de Botafogo foram doadas a Francisco Velho, também, conhecido como Antônio Francisco Velho, Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião, que com “ a transferência da cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neoclássico da "Universidade do Brasil", na Avenida Pasteur, antiga "Praia da Saudade". Site: http://www.amabotafogo.org.br/origem.asp
“ Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro "sequestrado" no Rio de Janeiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoas portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o próprio São Sebastião em pessoa apareceu para "dar uma mãozinha". O embate entrou para a história como a "Batalha das Canoas”. ”  Site:  http://www.amabotafogo.org.br/origem.asp
Já idoso, em 1590, o sesmeiro Francisco Velho vendeu a sua sesmaria denominada "Enseada de Francisco Velho", com todos os seus terrenos, nome pelo qual as posses do co- fundador da cidade eram conhecidas, a “ João Pereira de Sousa, conhecido como "Botafogo", por ter sido chefe da artilharia do famoso São João Baptista, também, chamado de “O Botafogo, na época o mais poderoso navio de guerra do mundo ”, outra fonte afirma que esse apelido Botafogo, também, “era dado aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais”.
Seja qual for a origem do Botafogo foi João Pereira de Sousa Botafogo que deu o nome ao Bairro, “outrora chamado pelos índios de "Itaóca”, em referência a uma furna que ainda existe onde hoje no final da Rua Icatu”, ou seja, o Bairro que foi a minha primeira morada.




Final da Parte I  


Continua... 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Brasil Gérson - um carioca por vocação



Sem sobra de duvidas o melhor escritor sobre as Ruas do Rio de Janeiro foi Brasil Gérson, no seu HISTORIAS DAS RUAS DO RIO, 1ª  Edição pela Editora Souza em 1954.
Eu sou possuir de um exemplar da 3ª edição, também, pela Editora Souza, desde a década de setenta do século XX, e muito me deleito com ela.
Com o título “ HISTORIA DAS RUAS DO RIO: E DA SUA LIDERANÇA NA HISTORIA POLITICA DO BRASIL” foi relançado pela Lacerda, em 2000.
Brasil Gerson, cujo verdadeiro nome é Brasil Görresen, nasceu em São Francisco do Sul em 1 de janeiro de 1904, e aos 17 anos foi morar no Rio de Janeiro, então Capital Federal.  
Mudou-se para São Paulo onde trabalhou no Diário da Noite.
De volta ao Rio de Janeiro escreveu peças teatrais e trabalhou nos Diários Associados.
Exilado durante o Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, fundado por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945, na Argentina, onde trabalhou no La Razón, e no Uruguai.
Voltou ao Brasil e foi trabalhar na Brasil Vita Filmes da portuguesa Carmem dos Santos (Maria do Carmo Santos Gonçalves, uma das primeiras mulheres a produzir e dirigir filmes para o cinema brasileiro), onde se tornou roteirista de sucesso colaborando com ela e com o celebre diretor Humberto Mauro, pioneiro do cinema nacional.
Escreveu livros como Historia Popular de Tiradentes- de 1944 – Editora Athena, São Paulo; Garibaldi e Anita – 1953- Prêmio Joaquim Nabuco da Academia Brasileira de Letras, Editora Souza; Pequena História dos Fanáticos do Contestado- 1955- Caderno de Cultura do Ministério da Educação; Pequena História da Inconfidência- 1959- Coleção Aspectos do Ministério da Educação; Botafogo-1959- Da serie História dos Subúrbios (e bairros) da Prefeitura do Distrito Federal.
Foi comentarista de cinema.
Foi oficial de gabinete do Presidente Café Filho, 18º Presidente do Brasil ( João Fernandes Campos Café Filho – período presidencial 24 de agosto de 1954 até  8 de novembro de 1955).
Faleceu em 1981 com 77 anos de idade, e empresta seu nome a uma rua - Rua Brasil Gérson- localizada no Bairro de Taquara, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Justa homenagem para quem amou tanto a Muy Leal e Heróica Cidade do Rio de Janeiro.

Jorge Eduardo Garcia


São Paulo 4 de novembro de 2016 

Muy Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro - autor: Jorge Eduardo Garcia


Por causa de dois editores da Wikipédia que me censuraram resolvi criar esse Blog sobre a Muy Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, título concedido por SMIR, Dom Pedro I&IV, a cidade, então capital do Reino do Brasil, por ela ter se mantido leal e fiel a Sua Real Pessoa, bem como a Dona Leopoldina e filhos, quando do ultimato feito por Jorge de Avilez Zuzarte de Sousa Tavares, 1.º Visconde do Reguengo e 1.º Conde de Avilez, Comandante das tropas portuguesas acantonadas no Rio de Janeiro, para que Sua Alteza Real, o Príncipe Real Regente do Reino do Brasil,  retornasse a Lisboa, o que gerou depois o Dia do Fico de 9 de janeiro de 1822.
O General d’Avilez e suas tropas recuaram para a então Vila Real da Praia Grande, hoje a encantadora cidade de Niterói (em 1834, o Ato Adicional à Constituição de 1824 fez, da Vila Real da Praia Grande, a capital da Província do Rio de Janeiro, e no ano seguinte, 1835, a cidade passou a se chamar Nictheroy. Nove anos depois, o Imperador Dom Pedro II concedeu à cidade de Niterói o título de Imperial Cidade), de onde foram expulsos do Brasil no final de fevereiro, chegando a Lisboa em maio de 1822.
Dona Leopoldina, gravida de Dona Januária (que nasceu em 11 de março de 1822), com Dona Maria da Gloria de 3 anos incompletos, então Sua Alteza, a Sereníssima Infanta Maria da Glória, com Dom João Carlos Pedro Leopoldo Borromeu de Bragança, então Sua Alteza Real o Príncipe da Beira, tiveram que abandonar rapidamente a cidade com destino a Fazenda Real de Santa Cruz para se protegerem da sanha de Avilez, conforme consta do livro “ Dona Leopoldina”, de Gloria Kaiser, Editora Nova Fronteira, nunca perdoou ao general português, pois por causa dessa fuga veio a falecer no dia 04.02.1822 o pequenino Príncipe Dom João Carlos nascido em 06.03.1821, portanto com 11 meses e dois dias.  
A Maldição dos Braganças é um mito iniciado “no reinado de D. João IV de Portugal, no século XVII, quando o monarca teria agredido um frade franciscano aos pontapés após este ter-lhe implorado por esmola. O frade, em resposta, rogou uma praga ao rei, dizendo que jamais um primogênito varão da família dos Braganças viveria o bastante para chegar ao trono. De fato, a partir de então, todos os primogênitos varões daquela dinastia morreram antes de reinar”.
O primeiro filho varão de Dom Pedro I&IV e de Dona Leopoldina, o Príncipe Dom Miguel de Bragança, Infante de Portugal, considerado por muitos autores como Príncipe da Beira, nascido no Rio de Janeiro em 24.04.1820, e falecido na mesma cidade em 24.04.1820, ao morrer carregou consigo a maldição que consta da Maldição dos Bragança.  


Brasão do Município do Rio de Janeiro
"Cidade Maravilhosa"

 Muita gente pensa que o título de Muy Leal e Heroica foi dado ao Rio de Janeiro por Dom João IV, apelidado de João, o Restaurador, porque foi o primeiro monarca depois do “  golpe de estado da Restauração da Independência de 1 de dezembro de 1640 — que pôs fim à monarquia dualista da Dinastia Filipina de Espanha iniciada em 1580 — e terminaram com o Tratado de Lisboa de 1668, assinado por Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha e no qual se reconhece a total independência de Portugal”, mas não foi.

Dom Pedro I&IV gostava destes títulos tanto que em nome de sua filha, a Rainha Dona Maria II, deu a Cidade do Porto, pela coragem e feitos valorosos de seus habitantes, durante a Guerra de restauração de 1832-34, especialmente nos momentos do Cerco do Porto - período, que durou mais de um ano — de julho de 1832 a agosto de 1833 —, no qual as tropas liberais de D. Pedro estiveram sitiadas pelas forças realistas fiéis a D. Miguel I - o título de “Invicta Cidade do Porto”, ainda hoje presente no listel que se localiza por baixo do escudo das suas armas, e é no Porto, que o seu coração repousa na Igreja da Lapa ( Igreja de Nossa Senhora da Lapa), uma das valências da Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, Largo da Lapa, nº 1.


Escrínio com o coração de Dom Pedro I & IV, falecido como Sua Alteza Imperial, o Duque de Bragança.