A Criatura sempre busca brasa
para sua sardinha e eu não sou diferente.
No segundo quartel do século
XX minha tia Odette Fonseca Garcia, irmã mais velha de meu pai, casou com o
nobre português Manoel Ferreira de Oliveira, que como bom luso já possuía
razoável fortuna.
Com o dote de minha tia somada
as economias do noivo o casal construiu um “arranha céu” de oito andares na rua
mais aristocrática do Bairro de Botafogo, a Rua São Clemente, sendo assim o
primeiro edifício daquela rua.
O Edifício Leonam, no número
233, fica bem em frente de onde hoje está o Colégio Santo Inácio.
Na época de sua construção a
Família Pedrosa era proprietária de uma magnifica mansão e se viu incomodada
com aquele prédio que segundo eles ia tirar sua privacidade, venderam a grande
casa para os Padres da Companhia de Jesus proprietários do Colégio Santo
Inácio.
Quando minha avó paterna
morreu, na casa da Rua Voluntários da Pátria, meu pai, ainda solteiro, foi
morar com o cunhado e a irmã no Edifício Leonam no apartamento do sétimo andar.
A família de minha mãe é de
Recife, PE, e eles sempre adoraram a praia.
Com a morte de meu avô
materno, que possuía uma chácara na Ilha do Governador para banhos de mar da
família, mas morador na Muda da Tijuca, eles se mudaram para Copacabana, a
amada.
Foram para o chalezinho número
6 da adorável Vila que fica na Rua Cinco de Julho 114 (hoje 284).
Meus pais se conheceram.
Foram a praia de Copacabana.
Casaram na Igreja do Mosteiro
de São Bento.
E foram morar no Edifício
Leonam, a Rua São Clemente, 233, apto 101, Botafogo.
E eu nasci...
...E lá fui morar.
Botafogo.
Porque Botafogo?
A História é a seguinte, sempre
baseada em Brasil Gerson:
A Baia de Guanabara foi
visitada pela primeira vez em1 de janeiro de 1502
Aa frota de três naus era
comandada por Gaspar de Lemos, nascido no Reino de Leão (Espanha de hoje), mas
que se tornou navegador pelo Mar Oceano em defesa dos interesses do Rei de Portugal,
por isso considerado um navegador português do século XVI, que havia comandando
a Naveta de Mantimentos da Frota de
Pedro Alvares Cabral, e que com ela retornou a Portugal com a carta de Pero Vaz
de Caminha que comunicava a El-Rey a descoberta do Brasil, que descobriu o Arquipélago
de Fernando de Noronha, que a 1 de novembro de 1501 , batizou Baía de Todos os
Santos na Bahia, que aportou em Angra dos Reis, que rebatizou em 22 de janeiro de 1502 a Ilha de Gohayó, no hoje litoral paulista, de
Ilha de São Vicente, em homenagem a
Vicente de Saragoça, (em espanhol: San Vicente Mártir)mártir do início do
século IV, cujas “ as relíquias foram trazidas do Cabo de São Vicente (o então
«Promontorium Sacrum»), junto a Sagres, para a cidade de Lisboa, por ordem de
Dom Afonso Henriques, "o Conquistador", o primeiro Rei de Portugal sob
o nome de Dom Afonso I, o Pai da Nacionalidade Portuguesa.
Desde frota que aportou na
Baia da Guanabara, também, participava, da tripulação, o experiente navegador
florentino Américo Vespúcio, que deu o nome a América, ao Continente Americano,
nome “ derivado de Americus, a versão latina feminina do primeiro nome de Vespúcio”.
Os franceses, sempre
gananciosos por riquezas, em 1 de novembro de 1555, comandados por Nicolas Durand
de Villegagnon, seigneur du domaine de Torcy, Vice-almirante da Bretanha, Cavaleiro
da Ordem de Malta, ocuparam a Ilha de Serigipe (atual Ilha de Villegagnon onde
está a Escola Naval), erguendo ali o Forte Coligny, em homenagem Gaspard de
Coligny, Almirante de França, Conde de Coligny , Barão de Beaupont e Beauvoir, de
Montjuif, de Roissiat, de Chevignat, Senhor de Chatillon e outros lugares, líder
máximo dos Huguenotes, como eram chamados os protestantes do Reino de França, fundando
assim La France Antarctique - França
Antártica – uma Colonia francesa em meio Baia da Guanabara.
No final de 1556, como passo seguinte,
os franceses fundaram Henriville, em honra de Henrique II, Rei de França, na
região que hoje é a Praia do Flamengo, e onde existia uma aldeia dos Índios Tupinambás,
aliados dos invasores, que “ se chamava Kariók ou Karióg ("casa de
carijó") e teria dado origem ao atual gentílico da cidade do Rio de
Janeiro, "carioca"”.
Em Henriville, sede do comércio
dos franceses, foram construídas casas de alvenaria, ou tijolos, e onde viviam
600 súditos do Rei de França. As “casas foram destruídas pelo ataque Português
em 1560”.
Ora, ora, Dona Catarina de
Áustria, nascida Infanta de Espanha, irmã do Imperador Carlos V, Rainha
consorte de Portugal por Dom João III, Regente de Portugal em nome de seu neto,
El-Rey Dom Sebastião, o Desejado, de 1557 até 1562, não gostou...E Mem de Sá, terceiro
Governador-geral do Brasil de 3 de janeiro de 1558 até 2 de março de 1572, tomou
providencias para expulsar os franceses da Baia da Guanabara.
Assim, no início da manhã de
15 de março de 1560, depois de ter enviado um ultimatum a Legendre de Boissy,
seigneur de Bois-le-Comte, Governador da Praça de Armas, Mem de Sá e seus
homens tomaram o Forte Coligny, em 16 de março o destruíram, para a seguir rebatizar
a ilha como Ilha das Palmeiras, e “ no dia 17 de março mandar celebrar a
primeira missa portuguesa no local”.
“ Ao final do processo de
reconquista, o Governador-Geral Mem de Sá regressou à cidade de São Salvador da
Baia de Todos os Santos, a capital do Brasil, em abril de 1560 ”.
Contudo, os franceses
comandados por Legendre de Boissy, seigneur de Bois-le-Comte, que havia
conseguido escapar do Forte de Coligny e se refugiado entre os Índios Tupinambás,
não deram trégua aos portugueses com suas táticas de guerrilha, tanto que o
nobre francês só foi expulso do Brasil em 18 de janeiro de 1566.
E os franceses continuaram a
comercializar os produtos da região.
Diante desse quadro, em 1563, Mem
de Sá nomeou seu sobrinho Estácio de Sá, com a missão de expulsar
definitivamente os franceses remanescentes do Brasil e fundar uma cidade as
margens da Baia de Guanabara.
Entretanto só dois anos
depois, em 1565, “ com reforços obtidos na então Capitania de São Vicente e com
o auxílio dos jesuítas, conseguiu reunir uma força de ataque para cumprir a sua
missão”.
E Estácio de Sá em 1 de março
de 1565 fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, na
"várzea" entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, local que era
isolado do continente, e é a atual Praia de Fora, nos hoje terrenos da
Fortaleza de São João.
E foi nessa“ base de operações”
que começou o processo de expulsão definitiva dos franceses da Baia de
Guanabara.
Estácio de Sá, como era
costume, doou uma Sesmaria - Terreno sem culturas ou abandonado, que a antiga
legislação portuguesa, com base em práticas medievais, determinava que fosse
entregue a quem se comprometesse a cultivá-la-
a um de seus companheiros de expedição de nome Francisco Velho, também,
conhecido como Antônio Francisco Velho, as terras do outro lado da enseada
(hoje Enseada de Botafogo) bem em frente aos Morros do Pão de Açúcar e da Urca até
a área da Lagoa Rodrigues de Freitas ( lagoa essa chamada de “Capopenipem”, que
significa “lagoa das raízes chatas”), terras essas conhecida pelos índios
nativos como “Sapopenipã, e mais parte
do Flamengo (Morro da Viúva incluso).
Isso quer dizer que as terras
do Bairro de Botafogo foram doadas a Francisco Velho, também, conhecido como Antônio
Francisco Velho, Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião, que com “ a
transferência da cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a
residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neoclássico da
"Universidade do Brasil", na Avenida Pasteur, antiga "Praia da
Saudade". Site: http://www.amabotafogo.org.br/origem.asp
“ Curiosamente, Francisco
Velho veio a ser nosso primeiro "sequestrado" no Rio de Janeiro, pois
foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato cortar
troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida
pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o
Morro da Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre
cinco canoas portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde,
ao que se diz, até o próprio São Sebastião em pessoa apareceu para "dar
uma mãozinha". O embate entrou para a história como a "Batalha das
Canoas”. ” Site: http://www.amabotafogo.org.br/origem.asp
Já idoso, em 1590, o sesmeiro Francisco
Velho vendeu a sua sesmaria denominada "Enseada de Francisco Velho",
com todos os seus terrenos, nome pelo qual as posses do co- fundador da cidade
eram conhecidas, a “ João Pereira de Sousa, conhecido como
"Botafogo", por ter sido chefe da artilharia do famoso São João
Baptista, também, chamado de “O Botafogo, na época o mais poderoso navio de
guerra do mundo ”, outra fonte afirma que esse apelido Botafogo, também, “era
dado aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais”.
Seja qual for a origem do
Botafogo foi João Pereira de Sousa Botafogo que deu o nome ao Bairro, “outrora
chamado pelos índios de "Itaóca”, em referência a uma furna que ainda
existe onde hoje no final da Rua Icatu”, ou seja, o Bairro que foi a minha primeira
morada.
Final da Parte I
Continua...
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